Olá! Estava arrumando meu blog, quando percebi que nunca havia postado esse texto, e ele deveria estar aqui há meses. Estou corrigindo esse erro agora.
O título foi inspirado na música de mesmo nome do Joy Division (que recomendo ouvir enquanto estiver lendo, pelo youtube ou pelo 4shared). Comentários, críticas e sugestões serão sempre bem vindos!
These Days
Conforme andava, ele procurava certo rosto no mar de pessoas
que pareciam atravessar seu caminho; um rosto em especial. Pessoas, pessoas,
pessoas: nunca iria encontrar o rosto que queria naquele mar de pessoas?
Pessoas sem rosto, sem gosto, cheiro ou sabor; pessoas
absolutamente comuns e normais, mas ainda assim, eram esmagadora maioria
naqueles dias. Em todos os dias.
Pessoas que passam pelo mundo sem grandes feitos, sem
grandes eventos; nascem e morrem todos os dias aos milhares. Pessoas que sempre
estavam em seu caminho.
Insignificantes. Algumas lhe causavam raiva, outras apenas
repulsa; sentia-se superior a essas
pessoas, tão vazias e tão insignificantes!
Mas sua sobrevivência insistia em lhe dizer no instante
seguinte que ele era o insignificante vazio; não eram aquelas pessoas maioria?
Não eram aquelas pessoas felizes, enquanto ele era só mais um amargurado
perambulando por aí?
Retirou tais pensamentos da cabeça, não costumavam lhe fazer
bem, e concentrou em sua busca. Onde esse
filho da mãe está, pensou com uma ponta de raiva.
Malditos dias, malditos pensamentos. Era só mais um tolo com
mania de inferioridade e complexo de superioridade, ou seja, um completo
paradoxo. Mesmo as pessoas que costumava desprezar por medo ou inveja eram
paradoxais assim. É uma característica comum.
Esses dias. Parecia que sua vida era feita desses malditos
dias, toda ela; dias de medo, de dúvida, de confusão.
O que era mentira.
Pois mesmo nesses dias, ele ainda poderia contar com aquele
rosto, aquele sorriso, e aquelas palavras; ainda podia contar com o conforto
dos seus objetos frios, como livros e seus amados discos; ainda podia contar
com certa felicidade, mesmo que passageira e limitada.
Gotinhas de felicidade. Que formavam sua vida.
Mesmo nesses dias.
Praguejando novamente quando esbarrou em mais uma pessoa
vazia sem cheiro ou sabor, finalmente avistou o que queria: aquele rosto. Os olhos e os cabelos
descoloridos, que lhe davam até certo charme. Mas a aparência era o que menos
importava. Fora até ele, lhe xingando baixinho pelo atraso e por fazê-lo se
perder na multidão.
Recebeu como resposta uma risada e um “eu sei que você me ama assim mesmo”.
Não respondeu, afinal não precisava render-se tanto e
admitir que o outro estava certo; não precisava admitir para o outro que tudo
ficaria bem, se ele estivesse presente naqueles dias.
Ele mesmo já sabia disso, e era o que o que importava naqueles malditos dias e em todos os outros.
FimEle mesmo já sabia disso, e era o que o que importava naqueles malditos dias e em todos os outros.
P.S: se você gostou do conto e quiser postá-lo em algum lugar, fico lisonjeada. MAS antes disso, fale comigo e quando eu liberar, poste os créditos, ou teremos problemas.