Oi (:
Então pessoas, esse é um conto um tanto quanto sombrio, que eu escrevi recentemente. Gostaria MUITO que opinassem sobre ele =D
O título foi tirado de uma música do Placebo, essa aqui. Recomendável ler escutando-a, e se quiserem, podem aqui baixá-la.
Enjoy!
Passive Aggressive
Ele sente a cerâmica fria embaixo de suas coxas nuas. Tal detalhe lhe causa certo frio incômodo, mas ele não liga para isso.
Soltando um suspiro, ele observa o ambiente ao seu redor: à sua frente, a porta marrom do banheiro de sua casa, trancada. Para qualquer outro lado, as cores brancas do azulejo, imaculadas. De certa forma, julgava irônico elas serem brancas. Azulejos negros combinariam mais com o seu estado de espírito.
Ao constatar novamente que ele está realmente sozinho, respira fundo. Sente os olhos arder, e com isso, sente raiva. Não quer chorar. Não era para isso que estava ali.
Mas também não sabia ao certo por que fazia isso. Não sabia nada ao certo, e esse era o seu problema; nada estava certo, mas não sabia o que estava errado.
Sentia tanta cobrança, tanta pressão. Mas ao mesmo tempo, não se via no direito de magoar os outros, de agredi-los, de gritar palavras ofensivas, mesmo que isso fosse feito com ele. Era machucado, mas não se via capaz de machucar. Só que toda aquela raiva e angústia precisavam sair dele de algum modo.
Sem avisos, fincou as unhas, providencialmente longas por não serem cortadas há duas semanas, em suas coxas e as arranhou de cima a baixo. Fez o mesmo com os seus braços, e só sentiu-se satisfeito ao ver os vergões vermelhos, que demoraria alguns dias para sair. Mas aquilo não era mais o suficiente.
Debaixo do banco que ficava ao lado da patente, retirou uma pequena faca de cozinha. Olhou seu reflexo na lâmina, e em seguida arranhou superficialmente seu antebraço, arrancando um filete de sangue.
Observou, fascinado, o trajeto que seu sangue fazia até o chão. Vermelho, ardente, maculando a limpeza sagrada dos azulejos brancos. Sentiu euforia demasiada com isso, mas mais ainda ao sentir a dor.
Era estranho. Odiava pequenos acidentes: cortar o dedo com a faca ao passar manteiga no pão, dar topadas em móveis... mas a sensação que obtinha quando machucava a si mesmo era única.
Era reconfortante.
Era prazeroso.
Era... necessário.
Após seus minutos de prazer, levantou-se e começou a limpar tudo; não podia deixar vestígios de sua loucura interior. A essa altura, o corte já havia parado de sangrar.
Enquanto limpava tudo, pensou em como eram superficiais as idéias que os outros tinham de si mesmo: o controlado, o frio, o sério. Aquele que nunca agride ou ofende ninguém nas brigas. O inatingível, raiva não era sentimento para ele.
Mas raiva é um sentimento para todos.
A sua raiva era passiva, porém não deixava de ser agressiva;
E ao apagar o interruptor, saindo do banheiro, ele só tinha a noção de que aquilo não acabaria ali.
E um forte pressentimento de que não acabaria bem.
Fim
P.S: se você gostou do conto e quiser postá-lo em algum lugar, fico lisonjeada. MAS antes disso, fale comigo e quando eu liberar, poste os créditos, ou teremos problemas.
Valeu Blogger, por me deixar comentar ú.u
ResponderExcluirEntão. Eu adorei, amiga @_@
O tom sombrio tá ótimo. Está na escrita, não só no conteúdo em si, isso é muito bom *-*
Essa é uma das partes obscuras e estranhas das pessoas, não? Essa forma de se livrar da raiva, que nunca funciona completamente, mas sempre alivia. E tem horas que só precisamos de alívio '-'
E parece tão lógico querer alívio definitivo. A resposta certa para essa vontade é "não", mas por que não, mesmo? .-.
O final dá um sentimento estranho '-'
Mas é, enfim, tá muito bom, mesmo.
Parabéns @.@
=
ResponderExcluirOlha, vou cortar a parte do discurso em que te elogio por estar sempre melhorando... mas ainda assim acho incrível o quanto consegue explorar
as nuances da loucura em seus personagens.
Uma das coisas mais estranhas é que escreve sobre tantos disturbios psicológicos diferentes e no fim eu me identifico com eles *medo*
UHAHUAAUHUHAUAUHA
Parabéns ! * aplaude de pé *
Amei, sério *-*
ResponderExcluirAdoro contos sombrios.
É aquela coisa insana mas ao mesmo tempo tão coerente, a gente entende bem o que carinha tá sentindo.
Parabéns, Bruna. Tá ficando cada vez melhor o/
Esqueci de falar. Eu li o conto ouvindo a música USAHUSHUSHA :p
ResponderExcluirAAH eu não ouvi a música enquanto lia por preguiça e mesmo assim senti toda a atmosfera sombria do texto em mim...
ResponderExcluirE como eu já disse antes e continuo dizendo, acho MUITO foda como vc consegue fazer com que, nos seus contos, vc escreva sobre sentimentos dos mais variados tipos e ainda assim faz com que o leitor se identifique com todos.
Parabéns Bru, a cada dia que passa e a cada conto que eu leio eu te amo mais! HAHAHA *-*