23 de jul. de 2011

Conto - Cross The Breeze

Olá pessoas =]

Tenho aqui um novo conto, nomeado com a título da 4ª faixa do álbum "Daydream Nation", do Sonic Youth.

Como vocês vão perceber pelo texto, trata da saudade, e de como viver com ela... espero que gostem =]

Escrevi-o pensando em determinado fato, que talvez alguma pessoa saiba o que é, e se um dia tal pessoa ler isso... saiba, isso é pra você.

Mas para todos os outros, boa leitura, e comentem XD


Cross The Breeze

Conforme ela olhava para o horizonte, podia sentir aquela brisa delicada tocando-lhe os cabelos; apreciou-a de bom grado. Fazia-lhe bem, parecia carregar para longe todas as suas mágoas e frustrações.

E não só a brisa: aquele lugar era extremamente relaxante. O lago calmo, onde ela mergulhava seus pés, a brisa suave brincando com seus cabelos e roupas, o sol que brilhava com força, porém sem irritar sua pele com o calor: o dia parecia perfeito, ainda mais para curti-lo em abençoada solidão.

Estava precisando relaxar, pensou consigo mesma. Sua vida não estava fácil há muito tempo: era um total colapso em todos os sentidos. Seu relacionamento amoroso era insano, sua convivência com a família era péssima, seu emprego não era satisfatório, e uma saudade absurda sufocava seu peito, fazendo às vezes com que o simples ato de respirar fosse de uma dificuldade imensa.

Por muitos anos, o fantasma de tudo lhe isso lhe assustara, lhe assombrara: o medo era terrível, e a sensação de fracasso fizera com que chorasse por várias noites insones.

Mas como os mais sábios costumam dizer, o tempo cura tudo. E estava sendo assim com ela: seu relacionamento ainda era insano, mas aprendera a lidar com toda essa loucura; tentava lidar e entender melhor seus pais, e após tanta luta, conseguira melhorar no aspecto profissional.

Porém uma coisa ainda não mudar: aquela saudade ainda morava dentro do seu peito, causando um estrago enorme dentro de si.

Isso era uma coisa que, definitivamente, ela não sabia como deveria lidar: como preencher aquele espaço vazio que havia dentro de si?

Ela sabia o motivo; sim, sabia, mas não queria pensar nisso. Considerar a ideia de pensar no motivo de sua saudade doía; pensar na pessoa faria doer ainda mais. Ela não queria isso.

Essa dor... não era anormal. Não conforme tudo acontecera. Oras! Ela não queria pensar nisso, mas sua mente era mais rápida, forçando-lhe a se lembrar de tudo.

Ela e outra pessoa; não, não era nem um elo romântico, ela já tinha seu relacionamento estranho na época, e a outra pessoa era comprometida.

Mas fora tão forte quanto um amor arrebatador. Ela e essa outra pessoa; ambas tiveram o mundo em suas mãos, juntas.

Amizade sem fim, daquelas que em poucos meses você pode jurar que é eterna; amizades daquelas que, de pensar em permanecer três dias longe do outro já lhe fazia pensar “Imagine, claro que não aguento!”

Mas descobriu da pior maneira que sim, aguentava.

Quando por motivos que nunca entendera direito, a distância fora imposta a essa amizade, ela não conseguiu aceitar de jeito algum; parecia impossível considerar essa ideia.

No primeiro dia achou que nunca mais ia ser feliz; no segundo, chorou de frustração. No terceiro, não falou com ninguém o dia inteiro. No quarto, aceitou fazer um lanche com os colegas de escritório e riu da piada de um deles.

Conforme os dias foram passando, ela viu que sim, aguentava aquela ausência. Não que gostasse; ainda era amarga em sua boca, como uma xícara de café sem açúcar. Mas era suportável.

E assim o tempo foi passando; pegava-se pensando na pessoa com o qual dividira o mundo e seus sonhos, agora com um sorriso nos lábios, se perguntando se ela estaria feliz agora, se ainda pensava da mesma maneira.

Sentia dor pela separação, e certa revolta de tudo; não queria aquela distância. Mas a vida a fizera aprender cedo que ela não poderia controlar tudo que quisesse. Aceitou que ela precisara ir, aceitou sua partida, mesmo que ainda se preocupasse ao pensar se ela estava bem, ao preocupar-se se ela estava feliz.

Por isso aquele buraco em seu coração poderia nunca passar; quando uma pessoa é conquistada pela outra, se destaca da multidão irritantemente comum e torna-se única.

Especial.

Fora assim com ela. E a distância não iria modificar isso; o sentimento poderia estar guardado, com algumas cicatrizes e, até, esquecido; mas não deixaria de existir.

Sentindo isso, jogou os cabelos para o lado, deixando que a brisa os sacudisse com vigor, para em seguida murmurar baixinho:

“Sinto sua falta...”

Estendeu as mãos como se pudesse tocar em algo, imaginando se esse gesto tão simples não poderia ser sentido pela pessoa na qual pensava.

E quem é que poderia provar que não?

Fim

P.S: se você gostou do conto e quiser postá-lo em algum lugar, fico lisonjeada. MAS antes disso, fale comigo e quando eu liberar, poste os créditos, ou teremos problemas.

5 comentários:

  1. Sempre lindo, esse texto me fez pensar na minha melhor amiga, eu já pensei e penso desse mesmo jeito, se um dia agente se separar de verdade, muito lindo menina. :)

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  2. Tenho esperanças que essa pessoa vá ler um dia Bru ;) Ficou lindo mesmo... e mesmo sendo uma coisa tão pessoal sua, vc ainda sim fez com que o leitor se identificasse com o texto.. tá cansada de ouvir isso né? haha, mas é o seu dom, fico impressionada poxa xD Se eu soubesse escrever bonito assim, colocaria muita coisa dentro de mim pra fora em relação a amizades tbm, inclusive em relação a essa... Bom, parabéns de novo Bru. E tenha esperanças junto comigo :)

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  3. =
    Nada a acrescentar, não me surpreende cada texto que eu leio seu ser melhor que o anterior hehe.
    Mas achei MUITO foda o jeito que conseguiu tratar de dois assuntos tão profundos: Saudade e Esperança.

    Acho que alguém aqui devia começar a acreditar no próprio potencial e talento u_u... beijos e mil aplausos!!

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  4. Que lindo. Quase fez-me chorar. Peço sua permissão para postá-lo em meu blog. -http://contosdeingrid.blogspot.com- O comentário de cima está coberto de razão.
    Aguardo sua aprovação (ou não-aprovação). Do jeito que achares melhor. Escreves lindamente bem.
    Abraços,
    Ingrid.

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  5. Báh, Jenny e Jeff, obrigada pelos comentários, queridos. Eu sei, a saudade não é coisa fácil. :T

    -

    Ingrid, obrigada pelo maravilhoso comentário. Fiz contato através do e-mail que consta no seu perfil aqui do blogger, mas adianto que já permiti a publicação, só colocar o link do blog e o meu nome no finalzinho e tudo certo.

    Fiquei muito feliz que quer colocá-lo em seu blog *-*

    Abraços.

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