31 de out. de 2011

Conto - Lovely Clouds (is like a Great Escape)


Olá amigos :-)

Depois de duas semanas sem postagens, temos conto novo! Quero comentários, hein =(

Sobre o título, foi tirado de trechos de duas músicas: uma do Suede (Lazy, link dela no YouTube e no 4shared) e outra do Blind Melon (No Rain, link dela no YouTube e no 4shared). Recomendo ouvir uma (ou ambas), especialmente durante a leitura. =)

Enjoy!


Lovely Clouds (is like a Great Escape)


Tic. Toc.

Aquele maldito relógio.

Tic. Toc.

Se pudesse quebrá-lo. Tirá-lo da parede e jogar no chão. Ou simplesmente desligá-lo.

Tic. Toc.

Mas permanecer entre os lençóis macios e desarrumados parecia ser mais importante no momento.

Tic. Toc.

Assim como em todos os outros momentos que vivia ultimamente.

Tic. Toc.

Três anos em um emprego ruim e monótono lhe permitiu renda para permanecer alguns meses em casa, após sua demissão. Assim, podia desfrutar do ócio.

(Tic. Toc.)

E que ócio! Há meses não fazia nada, com exceção de dormir, acordar, arrastar-se para o sofá, ler algum romance barato e ruim, e então voltar para a cama, comendo alguma coisa nos intervalos.

(Tic. Toc.)

Sabia que isso estava arruinando sua vida. Que estava entrando de livre e espontânea vontade em um mar de depressão.

Mas sabia também que era uma ótima fuga.

(Tic. Toc.)

Amigos às vezes faziam visitas, ou sua mãe, fazendo perguntas como “Por que não abre essas janelas?”, ”Você precisa realmente sair de casa!” ou “Qual foi à última vez que você tomou banho”, e todas as respostas a essas perguntas eram vagas e vazias.

Isso por que o significado dessas perguntas não lhe importava mais.

(Tic. Toc.)

Preguiça. Preguiça. A única sensação que dominava todo seu corpo e mente.

Poderiam a todo tempo reforças que haviam coisas a serem feitas. Preguiça ainda era sua única vontade.

(Tic. Toc.)

Preguiça e melancolia, melhor dizer. Sentia imensa preguiça de fazer qualquer coisa, o que trazia a melancolia à tona; e tanta melancolia lhe causava preguiça!

(Tic. Toc.)

Não sabia qual rumo sua vida iria tomar dali pra frente. Se iria conseguir reagir à tanta inércia, ou se iria sucumbir. Não sabia e não se importava.

(Tic. Toc.)

Só se importava em continuar na cama, mesmo com o maldito relógio lhe enlouquecendo.

Tic. Toc.

Fim

P.S: se você gostou do conto e quiser postá-lo em algum lugar, fico lisonjeada. MAS antes disso, fale comigo e quando eu liberar, poste os créditos, ou teremos problemas.

11 de out. de 2011

Conto - All That I Desire

Olá!

Semana de conto novo, pessoal. Leiam e comentem, não se esqueçam. Quero a opinião de vocês. xD

Título retirado de trecho de uma música do Placebo, que, aliás, recomendo ouvir, "Kitty Litter". Link no 4shared ou no youtube.

Aproveitem!

All That I Desire

Em um sussurro fraco e tímido, o nome dela escapou-lhe pelos lábios, como se fosse uma espécie de prece, ou um último pedido para o imenso vazio que a cercava.

O que de maneira alguma assim poderia ser considerado: ela estava em perfeitas condições. Isto é, em perfeitas condições físicas, pois seu estado psicológico há muito tempo não sabia o que era estar em perfeitas condições.

E parecia que assim estava justamente pela teimosia de sua mente. Bastava fechar os olhos para vê-la em sua frente: os movimentos, o simples ato de falar, ou a maneira tão doce que ela sorria! Seu sorriso continha o imenso paradoxo de ser doce e obsceno ao mesmo tempo.

As conversas, os beijos, os problemas, os toques; nada saia da sua mente, como se seus neurônios fizessem um motim contra si mesma, insistindo em gravar aquilo, como uma doença ou psicose.

Não sabia por que ainda se sentia assim; desde o início, era algo passageiro. Algo fugaz, que não estava destinado a ser nada mais que algumas noites. Não sabia por que havia tentado fazer com que fosse algo mais do que isso, pra começar; sabia que nunca poderia resistir à distância que havia no mundo delas.

Distância de mentes. Distância de realidade. Além de serem distanciadas por si próprias, ainda havia o olhar torto dos que estavam ao seu redor, achando que sua ‘rebeldia’ começava a passar os limites, e o preconceito que continuava a machucar, mesmo ela dizendo que não ligava mais para isso.

E sua aventura romântica, que inutilmente tentara transformar em algo mais sério, provara ser exatamente isso: uma aventura.

E o que a machucava não eram as críticas, os olhares atravessados ou algo parecido: o que mais a machucava era a total indiferença dela. O fato dela não querer ter tentando. O fato dela não ter sentido o mesmo por ela.

E sentia-se um tanto suja por conta disso: sentia-se como um objeto, usada pra depois ser jogada fora. E já fizera tanto isso com outras pessoas! Sentia como se fosse um castigo.

Mas não iria deixar derrotar-se. Decidiu não ficar mais chorando por uma promessa de amor. Decidiu parar de se lamentar e seguir em frente. Decidiu não pensar que estava errada; decidiu pensar que ela é quem era a pessoa errada pra si.

Decidira mudar de atitude, ou precisaria fazer uma mudança de pele pra poder esquecer tudo o que se passou e que poderia ter se passado.

E foi com esses pensamentos que se maquiara e vestira-se de forma sedutora, como há muito tempo não fazia.

Decidira ser feliz, e decidira lutar por isso.

Mesmo que não parasse de pensar em seu quase amor escorregadio e destrutivo. 

Fim

P.S: se você gostou do conto e quiser postá-lo em algum lugar, fico lisonjeada. MAS antes disso, fale comigo e quando eu liberar, poste os créditos, ou teremos problemas.