2 de set. de 2011

Conto - Dead Souls

Olá!

Duas postagens em uma semana! Pra compensar a falta da semana passada XD

Aqui está, um pequeno conto insano, nomeado "Dead Souls" por conta da música do Joy Division, que como sempre, recomendo ouvirem. x) (link dela no You Tube ou no 4shared).

Aproveitem, e COMENTEM hein! 

Dead Souls

“Psiu!”

Ele retirou delicadamente seus fones de ouvido e olhou para trás; ninguém lhe chamava.

Odiava essa sensação, parecia que bastava ele colocar fones de ouvido e viajar na música que tinha impressão de que o mundo lhe chamava.

“Psiu!”

Ignorou.

“Psiu!”

Mas isso estava muito insistente! Resolveu tirar de novo, e nada. As pessoas da fila do banco já lhe encaravam de maneira estranha, mas ele não ligou; desde quando alguns olhares atravessados eram suficientes para intimidá-lo?

Colocou de novo os fones.

“Psiu!”

Às vezes, ele perguntava-se se isso era apenas uma impressão. Ah, ele sabia que não era; não era só com música, às vezes no silêncio poderia escutar algo lhe chamando.

Mas o que ou quem lhe chamava?

Bem, isso ele não sabia, e não tinha a menor ideia se um dia saberia.

Mas esses pequenos fragmentos de som ou imaginação não eram a única coisa que lhe chamava.
Ele sentia-se como em um filme; sentia-se sendo puxado e arrastado para várias realidades. E no fundo, não sabia qual delas era real, quem poderia saber?

Certas pessoas poderiam dizer que é muito fácil reconhecer a realidade, que sonhos e o mundo real são muito distintos: mas quem poderia provar isso?

Um sonho pode ser tão real quanto qualquer outra coisa. Estranho, mas o que seria mais estranho que o milagre da vida real? Não existe normalidade; até a mais normal das pessoas é estranha por ter tanta normalidade.

Mas ele não gostava disso: tanta confusão mental não era saudável. Tantas personalidades, tantos mundos diferentes, tanta diferença entre polaridades em sua mente o faziam perguntar o tempo todo “Afinal, quem sou eu?”

É uma pergunta que persegue o homem desde o início dos tempos, e sem dúvida alguma, muito batida; mas é, ao mesmo tempo, atemporal. Pois afinal, quem somos? Quem pode decidir em qual personalidade, em qual polaridade vivemos? Por que só uma delas pode ser verdadeira?

O mundo é uma coisa tão estranha, ele pensava. Mas, analisando melhor, não; o mundo era estranhamente perfeito.  Os animais eram perfeitos. O ciclo era perfeito.

Só os humanos não eram perfeitos. E engraçado como isso modificava todas as outras coisas!
E qual das realidades que lhe chamava ele deveria seguir? Qual era a certa? Existia realmente uma que fosse certa, ou seremos sempre almas mortas a vagar sem rumo nem certeza de nada?

“Senhor, é sua vez!”

Fora puxado de volta a realidade pela voz impaciente da mocinha que atendia aquela enorme fila do banco. 

Ah, as contas, precisava assinar os papéis... precisava voltar a responsabilidade e à realidade.

Ou a uma delas.

Fim


P.S: se você gostou do conto e quiser postá-lo em algum lugar, fico lisonjeada. MAS antes disso, fale comigo e quando eu liberar, poste os créditos, ou teremos problemas.

2 comentários:

  1. "Só os humanos não eram perfeitos. E engraçado como isso modificava todas as outras coisas!", realmente, nossas mentes estão sempre nos puxando para ago mais incriveel, várias realidades, mas sempre temos que voltar para a mais chata.

    Lenham esse texto ouvindo a música. *-*

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  2. =

    Nossa Bru's @_@
    me disse que eu iria gostar, mas porra eu amei
    num sei por que ainda me assusto com seus contos cada vez que leio algo você melhorou algum aspecto.

    Não sei se já comentei isso com vc ou algum dos contos... mas é mágico ( pra dizer o mínimo ) como consegue em um curto espaço de tempo fazer questionamentos tão profundos e dar tamanha vivacidade aos seus persons.

    * aplausos ensandecidos *

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